Carnaval na Chapada Diamantina 2023

Carnaval 2023 na Chapada Diamantina

Voltado para experiências de aprendizado e práticas pedagógicas, com foco no desenvolvimento pessoal e profissional, o turismo de conhecimento tem se destacado na Chapada Diamantina, destino de grupos de pesquisa e instituições de educação de diversas áreas de conhecimento, como agroecologia, arqueologia e geologia.

Sítios de arte rupestre

Os grandes conglomerados de pedras que marcam a paisagem local resguardam parte da memória das populações que habitavam o território muito antes da colonização das Américas. Os povos primitivos registraram em grutas e paredões traços de sua cultura e modo de viver. De norte a sul na Chapada é possível encontrar desenhos rupestres que encantam estudiosos, admiradores e até os leigos no assunto. Há uma grande quantidade de antropomorfos, fi guras geométricas e sinais, com colorações diversas. A paleta de cores que inclui diferentes tons de vermelho, de matéria orgânica queimada e minerais como hematita, geotita, gipsita, kaolinita, entre outros.

Órgãos de preservação do patrimônio cultural, como IPAC e IPHAN, realizam inúmeros estudos na região, à exemplo dos “Circuitos Arqueológicos da Chapada Diamantina”, e identificaram importantes sítios, com acesso à visitação em Morro do Chapéu, Iraquara, Palmeiras e Lençóis.

Iraquara

Localizada no centro geográfico da região da Chapada Diamantina, Iraquara está situada em uma área de calcários, com grandes grutas, lapas e outros relevos cársticos. No município se destaca a Gruta Lapa do Sol, classificada como um abrigo. A formação geológica guarda belas pinturas, motivos geométricos, com alguns círculos concêntricos, além de mãos registradas em diferentes períodos.

Lençóis

O Complexo Arqueológico Serra das Paridas (ver pág.148) é destaque em Lençóis. Descoberto em 2005 por catadores de mangaba, o local dispõe de quatro áreas para visitação, sendo considerado pelos especialistas um verdadeiro mostruário de estilos pictóricos. 

Morro do Chapéu

A cidade de Morro do Chapéu possui centenas de sítios arqueológicos, alguns considerados excepcionais e por essa razão recebeu do IPAC um inventário municipal de vestígios arqueológicos, com a intenção de despertar a população para a riqueza ali preservada. As pesquisas identificaram complexos arqueológicos, onde se encontram mais de 200 sítios com pinturas e vestígios como fogueiras com mais de 2.500 anos, além de artefatos, como uma urna indígena do século XIII. Destaca-se pela acessibilidade o sítio da Vila do Ventura. Na mesma região, a partir de uma trilha com cerca de 4 km está a Toca da Figura, local que reúne diversas pinturas e que servia de abrigo para os povos primitivos. Destacam-se ainda a região dos Brejões, onde está a Gruta dos Brejões e o lajedo bordado, à beira do Rio Salitre.

Palmeiras

Aqui estão as pinturas rupestres da Serra Negra e o sítio arqueológico do Matão, uma área bastante verde, acidentada e com formações rochosas em toda a sua extensão.

Ibicoara

Na Chapada Sul, na comunidade da Raposa, próximo a Ibicoara, existe um sítio impressionante de pinturas rupestres com um painel deslumbrante. A visitação ainda não está totalmente regulamentada, por isso é importante conhecer o lugar acompanhado por um condutor da comunidade do Baixão, por onde começa a trilha.

Piatã

Na Serra do Gentio (ver pág. 181) estão preservados desenhos pré-históricos datados de 10 a 12 mil anos, atribuídos aos povos primitivos que habitavam a região no período paleolítico. Gravados nas cores amarela e vermelha, os desenhos mostram manifestações sociais da época, animais existentes na região e rituais de magia.

Os municípios de Mucugê, Seabra e Rio de Contas também possuem sítios arqueológicos abertos à visitação. 

Preservação

Ao visitar um sítio arqueológico, colabore com a preservação do local: jamais risque ou piche as rochas, não faça fogueiras próximo aos desenhos e nunca toque nas pinturas ou gravuras, pois a gordura presente nas mãos pode danificar os bens culturais.

Espeleologia

A Chapada Diamantina figura entre os melhores destinos para a prática da espeleologia, o estudo das cavernas. Essa prática deve ser realizada sempre com acompanhamento especializado, uma vez que as cavernas apresentam vegetações específicas, raras e delicadas, além de apresentar labirintos. Alguns destinos são imperdíveis, como a Gruta da Lapa Doce, em Iraquara, com 17 km mapeados e dezenas de salões com diversas formações rochosas. A grande boca da Gruta do Lapão, em Lençóis, pode ser avistada da rodovia que dá acesso à cidade e sua travessia passa por salões com diferentes formações. Em Morro do Chapéu, a gruta dos Brejões é considerada uma das mais surpreendentes formações da Bahia.

Preservação e segurança

 Evite tocar nas formações e nunca deixe lixo dentro das cavernas. Nas grutas, só é permitida a entrada com calçados fechados. Equipamentos de segurança como capacetes e lanternas geralmente são oferecidos pelas agências e/ou administradores de atrativos particulares.

Observação de aves

A observação de aves pode ser apenas um hobby ligado à natureza ou uma profissão para pesquisadores obstinados. A região se tornou centro de interesse para ornitólogos e observadores de pássaros (birdwatchers), por apresentar elementos da avifauna da caatinga, da mata atlântica e do cerrado. Os roteiros das aves vão de norte a sul. O Morro do Pai Inácio, em Palmeiras, a mata do Remanso, o minipantanal Marimbus e a comunidade Barro Branco, em Lençóis, além da estrada da vila do Guiné, em Mucugê, estão entre os pontos principais para a atividade, ao lado de Itaetê. Algumas espécies encontradas são endêmicas, ou seja, só existem por aqui. É o caso do beija-flor-gravatinha-vermelha (Augastes lumachella), presente em todo o eixo norte-sul e facilmente visto no Morro do Pai Inácio; do papa-formiga-do-Sincorá (Formicivora grantsaui), visto em Mucugê e perto do Pai Inácio; e do beija-flor-marrom (Colibri delphinae greenewalti), presente em Lençóis. Na Cachoeira do Ferro Doido, em Morro do Chapéu, encontra-se a águia-chilena (Buteo melanoleucus).

Agroecologia 

Por reunir pessoas que amam e respeitam a natureza, a Chapada Diamantina tem se destacado na realização de grandes eventos e ações relacionadas à agroecologia, ou seja, à produção alimentar sem uso de químicos e que valoriza o trabalhador rural. São diversas iniciativas que partem de comunidades tradicionais, como os Payaya, em Utinga, ou de pessoas que se mudaram para Chapada Diamantina nas últimas décadas com a intenção de preservar o que ainda não foi desmatado ou recuperar áreas próximas às unidades de conservação, ampliando as áreas preservadas. A comunidade da Campina, no Vale do Capão, o Reservado Cajuzeira e o Permasítio Licurioba, em Lençóis; o Sítio Monte Alegre, em Ibicoara; e o núcleo do Instituto de Permacultura da Bahia (IPB), em Rio de Contas, realizam vivências e cursos.

Geoparques

Toda a história geológica da Chapada Diamantina, o que inclui registros de movimentos tectônicos, desertificações, inundações e sua ocupação humana, resulta na paisagem excepcional admirada por visitantes do mundo inteiro. Visando o reconhecimento e a preservação da herança geológica, com aspectos do patrimônio natural e cultural, estão sendo projetados geoparques. Atualmente há quatro projetos no interior da Bahia: Morro do Chapéu, Serra do Sincorá, São Desidério e Rio de Contas.

Geoparque Morro do Chapéu

O projeto visa a conservação de cerca de 24 geosítios localizados no município de Morro do Chapéu. As áreas são salas de aula naturais da história do planeta terra. Há registros do período Proterozóico, anterior à vida animal, nas formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu, com cerca de 1 bilhão de anos e nas formações Bebedouro e Salitre, com aproximadamente 800 milhões de anos. Além dos registros geológicos há importantes sítios rupestres, que registram a passagem dos povos primitivos, como exemplo da Lagoa da Velha, com pinturas datadas de 3 mil anos. Na Vila do Ventura permanecem registros do povoamento garimpeiro em quilômetros de ruínas de edificações e até um trecho da antiga Estrada Real.

Geoparque Serra do Sincorá

A área proposta abrange 22 sítios e quase a totalidade do Parque Nacional e seu entorno, alcançando os municípios de Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras. Além de abrigar um importante registro da cobertura sedimentar do período Proterozóico, tem a história da mineração de diamantes como tema relevante. Os conglomerados diamantíferos facilmente encontrados, como no leito do Rio Serrano, em Lençóis possuem elevado valor cênico e estético, fato atestado pelo expressivo e crescente volume de visitantes.

Conceito da Unesco

No conceito da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Geoparques são áreas geográficas únicas e unificadas, onde os locais e as paisagens de significado internacional são gerenciados com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Os geoparques mundiais da Unesco usam seus bens geológicos para aumentar a conscientização sobre o uso dos recursos da Terra de forma sustentável, mitigar os efeitos da mudança climática e reduzir riscos relacionados a desastres naturais. Atualmente existem 140 Geoparques em 38 países. No Brasil há apenas um chancelado, na Serra do Araripe, no Ceará.

Ufologia e Exobiologia

A ufologia e a exobiologia (ciência que estuda a possibilidade de vida em espaços extraterrestres) atraem pesquisadores e curiosos na região e a observação do céu em busca de luzes e objetos virou roteiro em algumas localidades, onde há pontos de vigília, como Lençóis, Igatu, Morro do Chapéu e Vale do Capão. Em 2019, o programa “De Carona com OVNIS”, do History Channel, visitou a Chapada Diamantina e fez um episódio exclusivo sobre as luzes de Igatu. Dois livros já foram escritos sobre o tema: “UFO na Chapada”, do autor Hélio Nunes de Camargo e “Contatos na Chapada Diamantina”, do autor Adolfi no Neto. Em Ibicoara, existe a Escola Ashtária, que promove eventos e encontros sobre a exobiologia.

 

Fonte: Guia Chapada Diamantina